sábado, 19 de dezembro de 2009

Que insiste e que respira.

Reciclando provérbios
E sentindo muito mais dor que antes.
A solidão se transformou em meu paraíso.
Poucos conseguem chegar a esse extremo.
Minha vontade é pela ausência que clamo.
Meus cortes são em auto-relevo.
Felicidade pra mim é utopia.
Tudo o que vivi
Tudo o que passei
Fez-me ser isso,
Não sinto nenhum pouco de orgulho
Com esse ser que sou
Que insiste e que respira.
Se pudesse ateava fogo.
Em tudo que me deprime.
Mas se eu não for isso!
Não me vejo sorrindo também.
Como Fábio Altro disse:
“Sou um estilete sem cabo...”
Também acho que sou assim.
Sem querer machuco as pessoas.
Apenas por eu ser eu mesmo.
Ninguém me conhece.
Ninguém conhece ninguém.
Uma hora eu recito versos
Olhando você sorrir.
Outrora desgraço tudo
E não perdôo ninguém.
Com um olhar cheio de ódio mirado ao céu.
Se eu fico quieto em qualquer canto,
Mesmo que eu durma não me acorde.
Apenas me deixe e se afaste.
Se afaste o quanto puder.
Deixa-me evaporar com o vento...
Deixa-me tentar ser levado com ele.
Para qualquer outro lugar.
Desculpa se te fiz chorar e sangrar.
Mas eu sou um estilete sem cabo.
Ou qualquer coisa que corte e deixe marcas.
Não tenho uma linha aberta de raciocínio.
Apenas penso por estar pensando que penso.
Aquele grito de ódio e agonia.
Dor e injustiça.
Doença sem a cura.
Hoje quero morrer.
Sempre quis morrer.
E não teve nenhum dia
Que essa chance não me passasse pela cabeça.
Queria ter nascido morto.
Minha mãe me deixou vivo.
Mas não me livrou do meu desatino de morrer.
Deve ser o extremo da tristeza.
Ter que enterrar um filho.
Mas eu não pedi pra nascer.
Ninguém pediu pra nascer.
Por isso acho que posso morrer.
Sem sentir culpa.
E nem me sentir egoísta.


Jeferson Guedes

Nenhum comentário:

Postar um comentário