domingo, 28 de fevereiro de 2010

Momentos cinzentos

Sempre fui assim... Queria mudar... Mas não sei se posso. Ser outra pessoa. Perderia a minha essência. Essência tola que fiz brotar, desde a minha infância complicada... Eu já não sou mais criança, nós deixamos de ser quando sabemos que vamos morrer um dia. Trago apenas de meus sonhos, cinzas. Perdi o amor pela vida. Não sei se um dia eu tive algum... Estranho, sou assim. E cada dia que passa... Todas as horas que se deixam acabar. Mais tempo perdido. E eu continuo andando em círculos tentando me encontrar. Talvez eu me ache um dia. Talvez eu encontre uma carta de navegação. Quão perdido eu sou. Tantos me lembram disso... Tantos tentam me fazer sorrir. E ficam sempre em vão. Tenho medo de cometer tais erros que eu já praticamente previ no meu destino. E eu fico me perguntando... Porque eu estou aqui? Quais são as razões por eu estar vivo? Porque não outra pessoa em meu lugar? Acho que qualquer um aproveitaria melhor o tempo do que eu... O tempo que nos faz andar... E eu fico sempre parado ou andando em círculos... Numa trajetória não muito produtiva. A pior dor eu carrego. E já não agüento mais esse fardo, que me deram sem meu consentimento. Será que devo parar por aqui mesmo? Parar de ficar no mesmo lugar e andar em círculos? Ainda não consigo perdoar meu próprio erro. Não tenho o mar perto de mim. Não tenho um deus que me rege. Não tenho mais laços fraternais que me protegem. Mesmo estando sempre ao redor, não consigo parar de viver sozinho. Até quando sentirão a minha falta? Não acho que seja muito tempo... Maldito tempo... Controlador dos anos e dos dias. Vivi já tanto. Há tanto tempo que passei machucado. E eu não procurei medicamento. Abri mais a ferida ainda. Apenas pra sentir dor, apenas para tentar-me sentir vivo. Pois as pessoas vivas sentem dor. E eu quase não consigo sentir nada. Não queria nem ter escrito agora. Estranho... Estranho eu ser tão triste e não conseguir derrubar uma simples lágrima. Acho todas elas secaram com o vento perdido.

Jeferson Guedes

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Lembranças dos dias

As lembranças não acabam como o tempo.
A chuva não acalma meu sono.
Gastei todas as minhas lágrimas por nada.
Apenas por me sentir só em meio de tantos.

Tanto tempo que já se foi.
Tanto tempo que está ainda por chegar.
Ou talvez você não chegue a tempo.
Talvez minhas mãos parem de tremer um dia.
E eu consiga aceitar as coisas com mais facilidade.
Ou felicidade.

Refiz aquela poesia.
Na verdade rasguei a folha e menti.
Menti para me enganar.
Por tantos dias perdidos.
Por tanta mágoa guardada.
Por tantos sentimentos ruins.

E tantas palavras que jamais queria.
Que tivessem saído da minha boca.
Você não as merecia.
Vários dias perdidos.

E o que tem mais sentido para acreditar.
É...
Que os dias passam.
Sempre passam...
E não voltam...


Jeferson Guedes