sábado, 31 de julho de 2010

Para te perder

Hoje,
Já não desejo tanto.
A morte tão sonhada...
Que me vem
Para lembrar.
Do que eu nasci para ser.
Daquilo que eu sou.
Daquilo que tive que ser.
Dos dias de tantas lembranças...
Do rosto que nunca tive perto.
Do vento que sentia tão pouco.
Oh! Quem me dera
Esquecer dessa dor?
Só me entrego
As lastimas.
Que nem mesmo
Da morte.
Tenho mais apreço.
Sigo meus dias.
Correndo.
Olhando.
Relendo.
Sentindo, que
Dessa morte
Que tanto me agradava.
Ela virá sozinha.
Sem eu mesmo ter a buscado.
E eu também estive tão só
Por tantos dias...
Ela virá me fazer companhia.
E me levará
Na calada da noite.
Espero que
Me traga vinho.
E eu te darei um cigarro.
Irá ser o ultimo adeus...
Daquilo que já não
Espero.
Oh! Dor!
Que me faz esquecer da outra!
Esquecer até
Que nasci para morrer.
Nasci pra ser levado pra longe.
Nasci para esquecer.
Nasci para te perder.


Jeferson Guedes

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Fotos

Não faço questão
Em tirar fotos.
Acho que não gosto
De eternizar momentos.

Momentos passam...
As lembranças ficam...
E não quero lembrar
De como eu fui um dia.

Não vejo o motivo
Em ficar rasgando o tempo,
Com lembranças falsas.
Sempre me vejo no agora
E não em fotos do passado...

Aprendi a ser tão frio
Quanto o gelo.
Tanto faz...
Agora eu,
De meus...
Empecilhos lembrados.

Sempre uma velha,
Nova mágoa...
Sinto-me falso
Quando me vejo
Sorrindo em fotos.



Jeferson Guedes

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Das coisas que não sou

Sou romântico;
Sem sentir amor.
Sou o vento;
Sem trazer a flor.

Sou a palavra;
Que não produz som.
Sou os dias;
Que nunca se vão.

Sou alguém;
Que não chora.
Sou a lagrima;
Que fica guardada.

Sou o corpo;
Mas sem a alma.
Sou a chuva;
Que a nuvem não trouxe.

Sou o irmão;
Que nunca fez nada.
Sou a paz;
Que é encarcerada.

Sou intenso;
Mas não sou nada.
Sou um rosto;
Em qualquer lugar que seja.

Sou o sentimento;
Que não se acalma.
Sou o rio;
Que não tem água.

Sou o divino;
Que não acredito.
Sou dos prazeres;
O pior deles.

Sou a vida;
Que não se importa.
Sou a árvore;
Que se corta.

Sou as luzes;
Que ficam ofuscadas.
A calmaria;
Sou tormento.

Sou,
Outras coisas;
Que não morrem.
Não vivem.
Não existem.
Aos olhares
De outras
Que sobem as escadas.


Jeferson Guedes

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vê aqueles cacos no chão? – Sim, os vejo. - Pois bem, eram meus sonhos.

- Tenho certeza disso.
- Certeza do que?
- Que ainda eu não sei.

Seriam dos sonhos, os planos?
Ou é só ver o tempo passar...
E esperar que o destino se cumpra.
Daquilo que nós não sabemos...

Será que a vida, é fuga?
Seria certo dizer, que
Correr pra qualquer lado...
É o mais justo a se fazer?

Conversar com qualquer pessoa...
Seria se prender?
Ou seria ser dela a mesma coisa?
Ser apenas outra pessoa na calçada...

Se já vi meu grande amor...
Passar por mim...
E eu não ter notado.
Será que ela é a certa?

Apenas não sei.
Se já alimentei meus sonhos.
Atirando os no fogo
E arrancando suas entranhas.

Será da dor que sinto hoje...
É a anestesia
Do que eu posso sentir?
De mais um rosto na calçada...

Acho que tu és a pessoa certa nessas horas...
Que me vejo tão perdido...
Reclamando da vida...
Achando qualquer outro desperdício...
De tempo;
De sonhos;
De planos;

Tu és a pessoa certa...
Nessas horas.
Em que lhe pergunto:
- Vê aqueles cacos no chão?
- Sim, os vejo.
- Pois bem, eram meus sonhos.
- Ah, pára de se queixar. Beba mais um pouco!


Jeferson Guedes

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sonhar com asas

Tenho dormido pouco.
Ultimamente tenho pensado por muito.
Às vezes pensar não é bom...
Quão poder sonhar...
Ah, se da vida pudesse tirar um sonho.
Ah, se da vida pudesse viver sonhando.
Acho que sonharia, eu com asas...
E passaria a vida voando
Com os olhos fechados.
Olhando as pessoas de cima.
Mesmo estando com os olhos fechados.
E acho que não me importaria
Com tantas mentiras...
Ah, que pena.
Estou tão acordado.


Jeferson Guedes

domingo, 25 de julho de 2010

Voltar, quão pelo tempo ou pela distância

Tu devias voltar...
Tu não podias ter ido.
Depois que se fora,
Além destes olhos...
Quase não acreditei.
Queria poder me cegar.

Tu devias...
Não ter ido.
Não ter fugido.
Devias ter resgatado...
Em meus olhos
Aquele mesmo brilho.

Que tive quando criança.
Tu me fazias
Sentir...
Meus dez anos
De infância.

Devia ser...
Pela inocência.
Que tu me passavas.
Que eu sentia.

Mas tão já.
Me acho adulto
Triste.
Eu me tornar adulto.
E não ter um brilho
De criança.

Tu já se fora...
Faz tanto tempo.
Tantos raios já caíram...
Tantas casas se ergueram...

Pra mim.
É tudo tão igual...
A claridade do relâmpago.
E pra mim
São as mesmas construções.

Já que você se fora...
Pra tão além dos mares.
Pra tão além dos vales.
Pra tão além das depressões.

Arrisco minha vida
Em versos.
Tu devias voltar...
Pra não me deixar
Viver apenas no mundo.
E vagar
Com certo rumo.
Acompanhando teu encalço.



Não.
Não volte mais.
Pra nunca mais...
Fique com seu mundo.
Que eu fico com o meu.

(Queria eu saber que é verdade
O que digo no verso acima)

Que já está tão pequeno...
Meu mundo.
E pra ti
Não tem mais espaço...
E nem o teu.
Pros meus passos.

Eu sei.
Tu tiveste que partir.
Pra ter mais histórias...
Pra contar.
Se tu não tivesses partido.
Seria tudo igual.

Triste.
O tempo nos faz
Esquecer.
O tempo corrói o tempo...
O tempo só faz
Lembranças.
E também as mata.

Fico triste.
Por apenas guardar
Lapsos de sorriso.

Tu devias voltar...
E eu devia ter partido.
Diante dos olhos do mar...
Além dos faróis solitários.
Além das ancoras afogadas.

Eu devia ir.
Tu devias voltar.

Não precisa estar longe
Pra poder esquecer...
O tempo já faz isso.
O tempo mata lembranças

E pra ti...
Tão morto estou hoje.
Mas sei que ainda tens lembrança.
Mesmo
Se eu estiver morto.

A distancia não mata pessoas.
E Não morre com as lembranças...
O tempo mata pessoas.
E morre com lembranças.

Volte.
Volte.

Não deixe a distância.
Enganar-te por estar...
Tão ausente
E tão longe.




Jeferson Guedes

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Acompanhado no escuro

Um rapaz está sentado num bar qualquer em um canto escuro, tomando uma dose de conhaque.
Uma garota desconhecida pra ele até aquele momento... Senta-se junto e começam a conversar.

Ele começa:
- Sabe o que eu penso?
- Sei sim.
- Como consegue saber?
- Por que eu sempre estou com você.
- Mentira. Você nem me conhece!
- Então porque você se sente tão à vontade comigo?
- Eu não sei... Deve ser por causa da bebida...
- Teus olhos são tão bonitos e tristes...
- Eu nem vi da onde você veio! De repente você apareceu do nada... Eu devo estar bêbado demais...
- Eu gosto de surpreender.
- Como assim? Tu nem me conhece!
- Te conheço muito mais do que eu devia. Hoje me deu vontade de quebrar o silêncio entre nós. Já que você nunca me notou antes...
- Pois é. Infelizmente eu não lembro de ti. Nós nunca conversamos... Mas agora noto alguma coisa de familiar em ti.
- Sim, uma vez no escuro você falou comigo... Mas isso faz muito tempo...
- E como você me achou aqui?
- Deve ser porque está escuro... Como naquele dia... E eu sempre sei aonde você vai...
- Como que tu sabes?
- Deve ser por causa do escuro.

De repente ela sumiu da mesma forma que chegou.
Ele não entende...
E pergunta a moça que trabalha naquele bar, que o serve mais uma dose de conhaque.
- Aonde foi à garota que estava aqui conversando comigo?
Ela responde:
- Moça? Você chegou sozinho e começou a beber sozinho... Não tinha ninguém contigo.
Então ele diz baixinho pra si mesmo...
- Ela veio da bebida e do escuro. E acho que ela vai voltar outro dia... Pelo menos eu espero... Mas ela estava aqui eu sei! Eu sei que estava... Senão eu não sentiria o perfume dela... Queria saber qual era o nome daquela garota tão misteriosa... Queria saber onde ela mora ou será que ela descansa só na minha cabeça? E aparece do nada nos meus momentos de fraqueza? Não queria ter que beber pra ela aparecer de volta... Já estou tão farto de continuar sempre tão sozinho... Sei que ela vai voltar... Eu sei...


Jeferson Guedes

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vício dos dias

O que seria dos perdidos
Sem o vicio?
Eles não têm mais nada...
Pra perder.
Os outros têm muita coisa.
Mas as coisas que possuem...
Um dia acaba os possuindo.
Se minha vida é torta.
Não quero uma linha reta.
Quero rabiscos na folha.
Em vez de um beijo.
Prefiro uma bebida.
Com o copo sempre meio vazio...
Mesmo que esteja transbordando.
Está sempre meio vazio.
Assim que eu enxergo as coisas.
Assim que eu sinto as coisas.
Tão frias e geladas...
Mesmo nas noites mais quentes.
Noites quentes...
Faz tempo que não tenho.
Em vez disso...
Tenho noites de mais insônia.
E no chão, vidros quebrados.
Orgulho em lascas.
Saúde em fiapos.
Mas eu não me importo.
Não me importo
Com os vidros quebrados.
E nem com noites de sono perdidas.
E se minha saúde está morrendo.
Bebo mais uma dose...
E fico olhando pro teto do meu quarto.
Pessoas...
Já me enjôo de praticamente
Todos os rostos.
Todas as vidas...
Tudo incerto...
Poesia mal escrita.
Amor autodestrutivo.
Tão autodestrutivo...
Quão a minha vida.
Não sei se tenho direito
De chamar isso de vida...
Esses dias ficaram pensando...
Minha cabeça já nem pensa.
Mas sim os dias...
Eles pensaram tão alto...
Pude escutar...
E eles diziam:
- Pra ti distância e tempo não existem.
- Ou é porque você não sente falta de ninguém.
- E nem sabe por que ainda respira.
Acho que os dias estão certos quanto a isso...
Pros demais pensamentos...
Tapei os ouvidos.
Depois disso...
Tomei outro gole amargo.
Mandei ao inferno outro rosto.
E acendi outro cigarro.


Jeferson Guedes

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O que restou da neblina

O que restou
De meus olhos,
Se não vejo o que quero.

O que restou
Do meu espelho,
Se já não me enxergo.

O que restou
Da minha vida,
Se não tenho aquilo que espero.

O que restou
Dos meus sonhos,
Se nada me fará dormir de novo.

O que restaram
Em tuas mãos,
Se já não podes me cortar.

O que restou
De meu ar,
Se apenas me faço,
Poluir meus gostos.

O que restou
Do meu frio,
Se não tenho mais teu fogo.

O que restou
Da minha vida,
Se agora só me encontro,
No meio da neblina.

E o que restou
Da minha neblina,
Se eu apenas não queria
Ver mais teu rosto...




Jeferson Guedes

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Do canto da sereia

Do canto da sereia.
Detive-me com meu barco...
És tão bela!
Deusa do oceano...

Não queria ter,
Que perder o fôlego.
Com o gosto salgado...
Das águas que regem
O teu chamado.

És tão sozinha...
És tão delicada...
Achas que eu devesse...
Provar do teu encanto?

Se eu tivesse a sorte...
Que não me condenasses.
Mas, bem sei que só me esperam rochas...
Sei que meu descanso,
Não sai do teu abraço.
E sim do teu canto de morte.

Maldita sejas tu!
Sereia que amaldiçoa meu barco.
Agora me deixo e escuto tua voz.
E solto meu corpo.

Naufragaria com tanto gosto...
Se eu pudesse passar por anos!
Ouvindo a tua voz...
E beijando o teu rosto.

Sei que agora estou morto.
E o que resta...
É meu desejo que tu sejas feliz.
Por ter afundado meu barco.
E ter levado meu corpo.


Jeferson Guedes

domingo, 11 de julho de 2010

Sorriso é apenas ao acaso

Qual das dores que já tive,
Sem mesmo ter pensado.
Que me faria tal mal...
Tal mal, que já me vi sorrir.
Apenas pela necessidade...
De ter que sorrir...
Qual coisa que já abracei.
Mesmo sabendo que seria,
Tão errado...
E que nunca me perdoaria...
Por aquilo que tanto quis.
Não faz sentido...
Eu sei...
Pessoas vivem apenas
Pra tentarem ser felizes.
Mas porque serem felizes?
Pra que sorrir?
Eu não entendo...
Não consigo me ver bem.
Odeio ter que olhar...
Odeio ter que sentir...
Que eu preciso daquilo!
Pra poder viver...
Qual é o sentido do sorriso?
E da felicidade?
Alguém sabe?
Duvido...
Apenas vivem...
Querendo isso...
A cada dia...
Elas se prendem a alguma coisa.
Que acham ser certo sentir...
Não queria ter que sentir.
Apenas queria viver.
Viver sem um propósito...
Nem pra mim.
Nem pra outro alguém.
Eu não entendo...
Todas as escolhas que tive
Agora me soaram tão errado.
Acho que penso por demais...
E não dou chance ao acaso.
Mentira.
Tudo o que tive...
Foi ao acaso.
Falo muito do acaso...
Deve ser por que...
Se me vejo alegre.
É sempre ao acaso.
E não acredito no destino.
Nunca tive planos...
Apenas sonhos...
Sonhos que já não acredito.
E odeio ter lembranças ao acaso.
Dos sonhos que já estão tão mortos.
Mas não por culpa do acaso.
Culpa apenas da realidade.
Culpa apenas do abstrato.
Que vejo no sorriso...
Do meu irmão que não conheço...
E já está também morto.
Morto junto dos sonhos...
Eu não entendo...
Felicidade...
É um sentimento falso.
Das vezes que estive feliz...
Uma hora depois me cortei.
Apenas por me sentir culpado...
Por sentir...
Não queria ter que sentir...
Queria apenas viver...
Com a chuva...
Com o vento...
Acho que não quero ser feliz...
Acho que não é certo.
Minh’alma é escura.
Por causa do mundo.
O mundo não é feliz...
É apenas um ambiente...
Onde as pessoas sofrem...
Esperando um dia serem felizes...
E terem os sonhos realizados.



Jeferson Guedes

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Das que sinto

Do tato
- Dor
Do talento
- Martírio
Da ilusão
- Truque barato
Da bebida
- Anestesia
Do cigarro
- Cinzas
Dos caminhos
- Outra placa
Dos amores
- Tempo perdido
Das poesias
- Alegria triste
Do mar
- Saudade
Das escolhas
- Ao acaso
Do relógio
- Desconfio
Dos teus olhos
- Já me perco
Do teu abraço
- Desvaneço



Jeferson Guedes

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vento dentro do tempo

Eu encaro o vento...
Da mesma forma que encaro o tempo...
Eles passam por nós...
De tal forma que foge aos nossos olhos...
Sei apenas,
Que devemos dar bons ventos a nossa nau...
Pra que ela não se perca...
E não nos deixe perdidos
No meio do oceano.
Assim como devemos fazer...
Que nosso tempo seja mais proveitoso...
Pra que ele também não nos deixe...
A deriva no meio das nossas próprias vidas.
O vento...
Tenho saudade dos bons ventos...
E sinto o mesmo do tempo...
Que já se fora...
Perdido com o vento...
E deixou minha triste nau,
Naufragar...
No meio de todo esse pranto.


Jeferson Guedes

sábado, 3 de julho de 2010

Última conversa entre ele e ela

Ela o abraça.
Ele se afasta dela.
Ele diz:
- Saia da minha casa. Eu não preciso de você.
Ela diz:
- Ninguém consegue viver sozinho. Eu não quero te ver assim...
- Você nunca se importou.
- Eu sei que errei, mas eu sempre te amei...
- Não minta, não precisa mentir. Só quero que você saia e não volte mais.
Ele acende um cigarro, ela tira o cigarro ainda não acesso da boca dele e diz:
- Não fume! Isso vai acabar te matando!
Ele responde:
- Você já me matou muito antes de eu começar a fumar! Você roubou todo o brilho verdadeiro dos meus olhos e colocou um brilho falso no lugar. Aquele brilho que você achava ser certo. Saia daqui...
- Eu não vou sair, eu me importo com você! Nunca quis te ferir tanto.
- Nunca quis... Mas agora eu sangro todos os dias... E até gosto.
E já chorando... Ela fala:
- Por favor, não diga isso... Se eu pudesse voltar atrás...
- Mas não pode! Ninguém pode! Nem mesmo deus pode voltar atrás!
- Você nunca acreditou em deus!
- Eu nunca acreditei em mais nada, depois daquilo que você me fez!
Ela tenta novamente o abraçar... Ele a empurra e acende outro cigarro.
Ela diz:
- Não faça isso comigo... Eu não sei se consigo viver sem ti por perto...
- Eu consegui viver muito tempo sem você! Queria saber por que só agora que você sentiu a minha falta?! Aposto que você não conseguiu suprir teus sentimentos com outras pessoas... Saia daqui Helena!
Gritando desesperada:
- Eu não vou sair sem ter você! Vamos recuperar o tempo perdido...
- Nem mesmo deus consegue recuperar o tempo que já morreu!
- Você não acredita em deus!
- Eu sei... Então já que não acredito em deus... Nada pode fazer o tempo voltar...
- Eu não queria tê-lo só em minhas lembranças.
- Nem em minhas lembranças eu não queria lhe ter mais, Helena!
Ela fica petrificada e sai. Quase não consegue andar. E as lágrimas dela vão marcando seus passos... Lentos passos...
Ele senta no chão e acende mais um cigarro. Pensou muito nela depois daquilo... E agora sabe que ela vai fazer falta... Mesmo do mal que fazia. Mas agora já é tarde... Ele nunca foi de dar segundas chances. E com ela já seria a terceira chance. Ele só queria o bem pra ela... E sabia que ao seu lado ela não seria feliz. Talvez por seu jeito de ver as coisas... Ele via tudo abstrato, quase tudo fora da realidade. Ninguém foi muito de se importar com ele... E muitos só chegavam perto pra pedir cigarro... Ou o fogo. Helena se importava demais...
Muito tempo se passou depois daquela última conversa.
Ela nunca mais voltou. Ele nunca mais olhou pra ela novamente.
Ele sabe que agora o tempo passou... Ela está mais feliz, porém sabe que ela sente saudade...
Ele sente ainda o vazio daqueles passos que Helena deixou no seu chão marcado pelas lágrimas.
Mas foi melhor assim. Melhor viver sentindo saudade... As lembranças se tornam tão duras ao passar do tempo... Ele pensava nela constantemente. Mas agora ela já está tão longe. E tudo o que sentia já está mais do que morto. Morto dentro das possibilidades.
Morto dentro da sua cabeça, mas não ainda do coração.
Agora é só esperar que o vento faça outro rosto em sua vida.
Ou deixar que o vento seque as feridas e não apague seu cigarro.


Jeferson Guedes

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Flores e cigarros

Eu não me importo com muita coisa...
Não gosto de ver as flores.
Já enjoei de enxergar meus olhos,
E os teus...
Nem faço mais questão.
Fumar meus cigarros...
Piso nas flores quando eu tenho chance.
E fumo meus cigarros...
Um atrás do outro...
Como se fossem os dias...
Eu continuo fumando meus cigarros...
Agora eu quero te pedir...
Pra não se preocupar comigo.
Vou sempre soltar a fumaça pelo olhar...
E das flores que já se perderam...
Não me importo mais...
Eu continuo fumando meus cigarros...
E sempre vou continuar...
Então suma se não gosta da fumaça...
Porque eu sempre vou fumar...
E nas flores...
Acho que sempre irei pisar.


Jeferson Guedes

Postes

As luzes das casas,
Quase todas elas apagadas.
Os postes me fazem companhia.
E as luzes das estrelas...
Os meus olhos deslocam.
O cachorro late,
Mas ele nem me conhece,
Mas mesmo assim...
As pessoas,
São mais hostis.
Velhas casas,
Estão ali desde que eu
Me conheça por gente.
Cinzas nos olhos e nos pulmões.
Frases mal feitas cheias de asco.
Ando de um lado para o outro...
Mas não me perco por engano.
Vivo por apenas estar vivo.
Mesmo que isso não lhe agrade muito.
Estrelas no céu...
E o frio no chão.
Olhos com musgo,
E você não se importa com a minha tosse.
Doses frágeis,
Mas são doses no copo.
Noite longa e fria.
Noite melancólica e serena.
Coisas sobre a morte e a vida.
Rascunhos do passado e do futuro.
O presente... O presente não existe.
É tudo imaginação,
Então o que não é recíproco é falso.
É enganação.
Tempestades, prantos e angústia.
Calmarias e por acasos.
Ruas mortas e geladas.
Se não fosse os postes...
Essa noite...
Eu não seria nada.

Jeferson Guedes