terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ferida

Minhas mãos apalpam todo o sangue do meu corpo...
Quem me dera poder estancar a ferida!
Mas eu arranjo meio termos para tudo...
(...)
Só sobrou aquela névoa entorpecida.
Só restam lembranças de palavras vazias...
Foram as angústias com o vento.
Foi o descaso pelo tempo.
E ficou o ser mutilado.
(...)
Feridas por cima da carne.
E cicatrizes por baixo da pele...
Soa a voz suave que me abraça.
E eu a ofendo e a mando ao frio do inverno...
Não tive coragem de abraçá-la novamente!
(...)
Mesmo que isso seja a minha redenção...
Flores aparecem com tons cinza.
Tente se desprender da minha vida.
Pois ela já é quase morta.
Sem brilho e se ofusca cada vez mais...
(...)
Felizes daqueles que se prendem.
Se prendem as pestes da nova idéia!
O que se reflete no espelho?
Outra ferida aberta!
E outra se cura sozinha...
Outra sempre fica exposta na vitrine...
(...)
Não sei bem o que sinto.
Por aqueles entes que não conheço.
Irmão mais velho que nunca fez nada.
Ricochetarei mais versos em suas costas!
(...)
O amargo da imensidão profunda.
O vácuo do esquecimento.
O descasco da ferida.
O sangue que nasce da fonte d’água.
O riso sem sentido.
O mar que arde em chamas!
(...)
Minha estrela se apaga com um sopro!
E a minha vida parece um horizonte confuso...
Meu lugar está ocupado por meu inimigo.
(...)
Corro entre as balas perdidas.
E elas perfuram meu peito...
Morro mais a cada dia!
E isso nunca termina...
Ninguém me joga no chão para o tiro de misericórdia...
(...)
Eu passo fome, mas nem me importo.
Importância pra mim é crime.
E suicídio é crime sem fiança.
Me banho de sangue todos os dias...
E não corto meus pulsos!
(...)
Mais uma carta de morte escondida...
Mais areia que engulo.
E nascem mais espinhos,
Ao invés de crianças!
(...)
Sem flores vermelhas e nem brancas...
Ninguém pode decifrar o que digo.
Apenas o mar que me afoga.
(...)
O pó tem em todo o lugar do universo.
O prazer de compor uma música.
O prazer de se cortar mais um dia.
O prazer de encontrar a lua...
(...)
E a dor por carregar a escravidão das chances!
E a minha voz se cala.
E as flores florescem em mais uma noite de insônia.


Jeferson Guedes

sábado, 19 de dezembro de 2009

Que insiste e que respira.

Reciclando provérbios
E sentindo muito mais dor que antes.
A solidão se transformou em meu paraíso.
Poucos conseguem chegar a esse extremo.
Minha vontade é pela ausência que clamo.
Meus cortes são em auto-relevo.
Felicidade pra mim é utopia.
Tudo o que vivi
Tudo o que passei
Fez-me ser isso,
Não sinto nenhum pouco de orgulho
Com esse ser que sou
Que insiste e que respira.
Se pudesse ateava fogo.
Em tudo que me deprime.
Mas se eu não for isso!
Não me vejo sorrindo também.
Como Fábio Altro disse:
“Sou um estilete sem cabo...”
Também acho que sou assim.
Sem querer machuco as pessoas.
Apenas por eu ser eu mesmo.
Ninguém me conhece.
Ninguém conhece ninguém.
Uma hora eu recito versos
Olhando você sorrir.
Outrora desgraço tudo
E não perdôo ninguém.
Com um olhar cheio de ódio mirado ao céu.
Se eu fico quieto em qualquer canto,
Mesmo que eu durma não me acorde.
Apenas me deixe e se afaste.
Se afaste o quanto puder.
Deixa-me evaporar com o vento...
Deixa-me tentar ser levado com ele.
Para qualquer outro lugar.
Desculpa se te fiz chorar e sangrar.
Mas eu sou um estilete sem cabo.
Ou qualquer coisa que corte e deixe marcas.
Não tenho uma linha aberta de raciocínio.
Apenas penso por estar pensando que penso.
Aquele grito de ódio e agonia.
Dor e injustiça.
Doença sem a cura.
Hoje quero morrer.
Sempre quis morrer.
E não teve nenhum dia
Que essa chance não me passasse pela cabeça.
Queria ter nascido morto.
Minha mãe me deixou vivo.
Mas não me livrou do meu desatino de morrer.
Deve ser o extremo da tristeza.
Ter que enterrar um filho.
Mas eu não pedi pra nascer.
Ninguém pediu pra nascer.
Por isso acho que posso morrer.
Sem sentir culpa.
E nem me sentir egoísta.


Jeferson Guedes

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Também sinto saudades. Nobre princesa do norte gelado!
Quem me dera eu. Eu estivesse ao seu lado em suas noites de insônia. Quem me dera possuir teu corpo e tua mente. Todavia fico em vão aos seus crentes olhos castanhos. Mas ainda sinto o perfume de seu cabelo quando por acaso acordo. Quando penso que não foi apenas um sonho. Tu foste pra longe. Isso me corta e me mata. Morro. Sim, morro possuindo lembranças da imensidão do seu ser frágil e ameno... Isso me faz querer ainda te procurar entre o inverno e o outono.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Cego com um tiro no escuro.

Ele permanece quieto.
Tenta esconder até o barulho de sua respiração.
Não há mais ninguém com ele.
Haveria se ele desse uma chance.
Mas sempre fez questão de ficar sozinho e em silêncio.
As suas lembranças sempre o machucam tanto...
Ele não abre mais seus olhos no escuro.
Tem receio que aqueles jovens olhos mortos o perturbem novamente.
Ele solta a fumaça devagar...
Como se parecesse que era a última vez que fumava.
Mesmo que se alegrasse não conseguia esconder a tristeza.
Ele precisava de um horizonte mais perto.
Que não esticasse tanto sua visão.
Ele fica mudo.
Quase não consegue ver suas mãos.
Acho que desistiu da vida.
Acho que sente preguiça de viver.
Acho que o desgosto agora é quem comanda seus passos.
Ele gosta das metáforas das fábulas...
O seu céu não é tão azul e cintilante.
Nem mesmo o vento traz de volta.
Mais motivos para sentir.
Sentir frio ou febre.
Calado e cego.
Assim que vivia.
Sem ter sonhos.
Nem ambição.
Pensamentos não traziam de volta.
Ninguém o trouxe de volta.
De seu canto sujo e escuro.
Tanto como a noite.
A noite não é escuridão.
Ele pensava.
Pensava em sorrir.
Mas não conseguia.
Morria aos poucos.
Mas morria.
“Não há sentido além da morte, não há razão além do prazer.”
Ele concordava e discordava em partes.
Partes que não são iguais.
Tudo que é recíproco é falso.
Só pode ser falso.
Pois ninguém é recíproco.
O quanto às pessoas gostariam.
Ele solta fumaça.
Seus olhos permanecem em silêncio.
E aos poucos se tornam rubros.
Angústia depravada.
Felicidade anti-recíproca.
Ninguém tem motivos pra sorrir.
Exceto pelas conveniências.
Tolas e vulgares.
Todos querem ver o nosso narcisismo fútil.
Piada sem graça.
Rude com os pais.
Rude com todos.
Todos o representam uma ameaça.
Todos sorriem.
Ele odiava ver esboços de famílias perfeitas.
E muito menos ver pessoas sorrindo.
Sentia ódio pela vida que foi concedida.
Através de um erro banal.
Então ele dorme sempre com sua arma engatilhada na cabeceira.
Ele pensa.
Ele chora.
Ele tenta.
Não consegue.
Não consegue viver pra sempre.
Com tantas farpas nos olhos.
E contava os dias pra que tudo terminasse.
Seguia a esmo uma vida de mentiras.
Uma vida que parece uma fábula.
Mas sem metáfora.
Fábula que não tem final feliz.
Que não tem nada.
Nem mesmo palavras.
É apenas um livro vazio.
Que todos podem imaginar um conto.
Mas ele não via nada.
O livro não tinha capa.
Apenas um punhado de folhas brancas.
Como se fossem folhas brancas de uma árvore morta.
Arvores mortas não purificam o ar.
Todos sabem disso.
E todos querem morrer sem ar.
Todos ficam sem ar após a morte.
E após a tormenta.
Vem a calmaria.
Mas ele não acredita em calmaria.
Só na tormenta.
Que viram os barcos.
E afogam e ao mesmo tempo afagam os marinheiros.
O destino da morte dos marinheiros é morrer afogado.
Pra não ser contraditório.
Ele olha pela janela e não vê nada.
Pois é quase cego.
Ele grita pela janela e ninguém escuta nada.
Pois é quase mudo.
Muitos esperam encontrar a alegria através do narcisismo do outro.
Mas ele não tem narcisismo e nem alegria.
Quanto mais o tempo passa.
Mais percebe que seu futuro não existe.
Porque ele não sai do lugar.
Ele não se move.
Não busca estrelas.
Porque o céu pra ele não diz mais nada.
Um estrondo.
Ele cai.
Seus olhos agora se tornaram cegos de vez.
Ele não estranha isso.
Pois fazia muito tempo.
Que tinha se acostumado.
A não enxergar e a não viver.
Cego com um tiro no escuro.




Jeferson Guedes

05/12/09

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

MARCAS

Tenho orgulho de minhas marcas.
Não escondo nenhuma delas.
Cada corte, cada queimadura, cada ponto.
Todas tiveram uma razão.
E fui eu que as fiz nascer.
Nascer dentre meu sangue pálido.
Cada cicatriz tem uma história.
História não sóbria.
História que não vai ter passado.
Pois elas estão cada uma no lugar, que eu as deixei.
E mesmo que sumam da pele.
Do lugar de onde elas foram feitas.
Não deixará de existir.

Jeferson Guedes

domingo, 22 de novembro de 2009

Cada vez mais cinza e opaco

E eu me vejo tão distante do lugar onde estou, queria o seu corpo de volta a me abraçar, querias que não estivesse tão longe e queria também que eu estivesse nesse lugar. Não queria que fosse dessa forma. Queria jamais ter que ter olhado pra outra direção, se não as dos teus olhos, olhos castanhos e os meus são como vidraças embaçadas. Tão triste estou, tão desmotivado. Estive perto do estilete mais uma vez, pois tive o mesmo pesadelo, duas vezes, à noite passada. Acordei em prantos às duas vezes. E nem sei onde tu dormes. Chove e morre. Sem dar o último suspiro, sem dar satisfação. E ainda em minha pele que arde naquele inferno que tu me mandaste. Tenho dúvidas se tu querias me mandar ao inferno se me visse queimando, mas não agonizo. Encaro o fato, porque não tenho nada que possa acalmar a chama. A brasa não se apaga. Nunca se apaga. Meu triste sonho real. Pecado cruel que cometi, não foi por gosto, acredite! Bom... Agora tanto faz. Tu nem sabes da verdade. Faço um sorriso singelo sair de meu rosto amargo. Espero enfim olhar teus olhos arrependidos, por esse triste fim. Senão já não volto a queimar mais uma vez. O lado bom disso tudo, é que nesse inferno que desvaneço tem fogo. O fogo não se apaga nunca se apaga. E posso acender o meu cigarro. E tentar recordar algum momento feliz que tive estando ao seu lado. Nem sei se tive um momento feliz. Mas o que tu me destes em troca da minha infelicidade, foi um: VÁ PRO INFERNO. Chega ser cômico. Olhares falsos de ciúme. Tu nunca se importaste comigo. Eu era apenas uma propriedade ou se não uma conveniência. Conveniência que tu deixaste exposta em meio dos raios. A dor que fica por baixo da pele é bem maior do que a do parto. Eu tenho doença no pulmão e eu jogo mais fumaça. Acho que até gosto de ser desse jeito. Morno em relação a tudo. Pois não posso me aquecer de mais, senão ainda posso me queimar de volta no inferno. Em pensar que estava perto de conseguir a luz, que falta nos meus olhos. Mas eles acabaram sendo mais opacos que antes. Não sei por que eu queria continuar vivendo assim. Com tu ao meu lado. Sei que nunca iria ter a minha felicidade junto de ti. Por isso que eu digo, acho que gosto de ser assim. Menosprezado por alguém. Isso já até se tornou o meu vício. Minha nau já naufragou mesmo sem ter zarpado do porto. Acho que o farol tava desligado. Acho que tu foste a minha âncora, que de tão pesada ficou, acabou afundando o meu navio no meio do oceano de fogo.


Jeferson Guedes

sábado, 14 de novembro de 2009

Eu acordo

Acordo querendo dormir de volta;
Acordo com desgosto de tudo;
Acordo sem você ao meu lado;
Acordo sem vontade de sorrir;
Acordo para morrer mais um dia;
Acordo pela vontade de fumar;
Acordo sem um pingo de fome;
Acordo com vontade de beber;
Acordo sem ter mais você para olhar;
Acordo com a faca mais encravada ainda;
Acordo com vontade de sangrar;
Acordo e as manchas ficam maiores;
Acordo e sinto o meu pesadelo de novo;
Acordo sem sombra e sem olhar;
Acordo sem ter meu céu;
Acordo sem pisar no chão;
Acordo pensando em me degolar;
Acordo sem ter mais nada.
Acordo e acho que vou dormir de volta.



Jeferson Guedes

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Poesia da despedida

Quando nos deparamos no escuro,
Esperando ter de volta,
Aquilo que nós perdemos,
Mas ainda esperamos...

E chega o primeiro raio de sol,
Que faz arder meus olhos,
Pois já se acostumaram
Com a falta de brilho e solidão.

E ainda insisto,
Por olhar o horizonte...
Esperando que seja você,
Quem eu vejo tão longe...

Mas é apenas uma ilusão...
Você já se fora,
Muito além desse horizonte...
Que meus olhos alcançam.

A esperança é a última que morre,
A minha se suicidou...
Talvez por desânimo,
Ou por causa do que eu me tornei.

E acho que eu também,
Não terei um fim diferente...
Pena é depois disso,
É de nos tornarmos esquecidos...

Mas eu,
Nem em vida fui lembrado...
Então minha a ausência,
Não te farás sentir saudade.

Jeferson Guedes

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Orgulho tolo

Orgulho tolo,
Jamais pensei que tu foste!
Maior que a vontade que tenho,
De ser feliz...
Ou dê me enganar com qualquer coisa.

Qualquer vício, qualquer tédio,
Me matas e ri sobre meu peito aberto,
Aberto por golpes de faca,
De olhares afiados.

Então abriu o meu peito...
E se apoderou de meu coração ensangüentado.
E logo o enterrou no meio do vácuo.

Oh, porque me deixas assim?
Tão aflito e morto
Maldito orgulho.
Tu também podes sentir a minha tristeza.

Mas não quero que sinta
E não quero que minta,
Por querer estar comigo
Apenas por sentir pena.

Não quero que percebas, que
Do meu sangue nascem flores,
Que poderão te fazer um dia feliz
Então permitas que nasça.

Mesmo que seja meu sangue a regá-las,
Pobre coração sem alma...
Pobre do ser que sente o mesmo que eu,
Agora nessa manhã nublada...

Virou tudo cinza agora que, tu...
Tu me deixaste.
Mesmo estando na primavera,
Não enxergo as flores que nascem.

E sim as que falecem no outono,
Não sinto o cheiro das rosas...
Apenas enxergo cinza!
E sinto o cheiro da morte...

Maldito orgulho tolo!
Será que não morrerás?
Deixe-me então só...
E não me acordes se acaso que percebas,
Que sonho chorando.


Jeferson Guedes

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

VÁ PRO INFERNO (em letras grandes)

As idéias se confundem
Num compasso lento.
E as escolhas que nós temos
São levadas pelo vento.

Por direito ou por quase nada?
Não são quase nada...

Na verdade um caminho,
Nunca deixa de ser
Apenas um caminho...

E a nossa escolha para isso...
É quase nula.

A tempestade me lavou o rosto
E levou meus olhos...

Ela me mandou ao inferno.
E eu disse: Tudo bem. Tanto faz...
Já estive nesse lugar tantas vezes...

Jeferson Guedes

domingo, 1 de novembro de 2009

Miragem

E eu passo o resto dos meus dias buscando aquela miragem, que me seduz e faz-me esquecer de pensar. Porque viver contando os dias que não poderão chegar! E no meio desse deserto que não há fim, tão sozinho e esquecido pelo mundo. Já não sei o que posso fazer para aliviar minha cede. E tudo que tenho para beber é apenas meu sangue. Mas não gosto do meu sabor doce. Não consigo beber o meu fluído vermelho, mato a cede dos arbustos que gostam de me experimentar! Sendo eu tão frágil a ser espancado pelo sol de todos os dias... E ainda consigo dar mais um passo para te alcançar! Mas todas as vezes que me aproximo do teu corpo você some entre o branco das areias que ofuscam meus olhos... Por que se afasta de mim? A miragem mais linda que existe nos meus sonhos... Eu já estou tão fraco apenas por te perseguir! Não sei nem quanto tempo já passou desde que saí por aquela porta e me atirei a esmo nesse deserto. Daria a minha última gota de sangue para ti! E mesmo assim some sem ao menos, me dizer um “Olá”. Quão tolo eu me fiz por esquecer da minha vida desde que você apareceu para mim e tirou a minha razão! Maldito seja aquele dia que você apareceu... E me resgatou do meu mundo real... E mesmo assim... Cada dia que vivo... Vivo para te encontrar... E fico feliz até de me enganar, que te verei novamente... Em pensar que te vi por um só momento... E já uma grande tristeza eu guardo... Na verdade eu jamais te vi... Você foi apenas uma miragem...

Jeferon Guedes

domingo, 25 de outubro de 2009

Escuridão com luzes acesas

Não temo mais a escuridão de meus olhos.
Não me deixo estremecer,
Nem mesmo pela noite de meus sonhos.
Aquela escuridão pode fazer bem,
Para aqueles que não sentem a luz,
Que pousa pela janela.
E o vento que desarruma a cortina
Pode o céu estar nublado?
Sem ter a chuva para molhar?
Hoje ela não me trouxe de volta.
Mas deixou em minhas mãos,
A sua rosa mais vermelha.
Vermelha como o sangue que brota...
Pelas ruínas das construções que eu fiz,
Sem ganhar nada em troca.
Fiz porque me sobrou tempo.
Gastei o tempo que tive para sonhar.
Erguendo meu muro de tijolos.
Que sem mais e nem menos caiu.
Com a primeira brisa que ameaçou,
Bagunçar o meu cabelo.
Apenas por acreditar que estava vivo...
Essa lamina se tornou tão cega,
Quanto meus olhos opacos.
Por fim me declarei mudo.
E não pude dizer mais uma palavra.
Se dissesse seria a palavra errada...
Minha vida me trouxe de volta.
A órbita contrária...
O que farei de minhas noites mal dormidas...
Agora que não tenho tempo para me devanear.
Já procurei tanto por aquilo que nunca existiu.
E pude ver todos,
Que ali permaneceram sem ter ar para respirar.
Se a noite é apenas o dia.
E o dia é a apenas à noite mal dormida...
Não posso mais sonhar...
Apenas quando terminar,
De recuperar a poeira do meu cabelo...
Que a chuva lavou sem eu ter pedido,
Voltarei a pensar na vida sem ter tantas complicações...
Estou certo que acharei outro caminho para andar,
E não ficarei mais perdido nessa trilha.

Jeferson Guedes

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mesmo que seja

E se por acaso meus lábios dormirem, onde estará os seus para me acordar? Por que gosta de me ver? De me tocar? Eu não posso ser a pessoa certa e que te mereça em meus braços. A causa disso tudo é a circunstancia em que vivemos. Se eu vivo, não resisto sem te abraçar. Sinto-me tão vulnerável a meros carinhos, mas já devia desistir de ser tão carente. Não quero e não gosto de me imaginar sem você por perto. Devia ser mais compreensivo contigo. Acho que não devo entender dessas coisas. Sempre fui só eu, eu e a minha sombra. Não posso ser o ideal para alguém que tenta se prender. Mas de certa forma eu mesmo, mesmo que não queira me deixo levar por sua brisa. Tu que és tão pura, tão doce, tão afetuosa em seu modo de ser, e eu já sei tanto... Não posso me prender a inocência, mesmo que minha adolescência fora tão perturbada, cheia de ódio, cheia de mágoa, mágoa que deixei ressecar com o vento. Antes não tinha vícios, agora são eles que me cobrem quando pego no sono. Você tenta me resgatar do naufrágio, mesmo que eu me segure nas partes que não bóiam e queira ficar no fundo do oceano, mesmo sem forças você me devolve a vida e o ar. Vida de incertezas... A minha única certeza é que você existe! O resto do mundo eu ignoro. Não por querer, é porque para mim, você é tudo que me faz se importar. E mesmo que tudo não passe de uma ilusão, desprendida do meu destino, morreria de sede se acaso me deparasse no deserto mais quente, se visse a tua miragem afastar de mim o meu cálice. Queria talvez que fosse de outra forma, mas não é. Mas se for para ser assim e no final der certo. Apostaria tudo que tenho em você, mesmo que eu aja de maneira incerta e duvidosa, queria que acreditasse em mim... Nem que se fosse apenas por um instante. Nem que minha vida prossiga por pouco tempo. Apenas queria que você soubesse que não fiz pouco e por ti que tentei viver mais. Sempre segui minha vida me depreciando, deixando em segundo plano tudo que na verdade importava. Daria minha vida sem pensar muito por você. Queria fazer parte de você em quaisquer outras dimensões que venham a existir. E se meus lábios dormem, eles dormem em ti, faça eu me sentir adolescente de novo. E me transforme em seu eterno namorado, amante, amigo, fogo, luz, chuva... Ou qualquer outra coisa que te faça sorrir e esquecer os desatinos do dia a dia. Mesmo que seja por um instante. Esse instante pode valer muito e ser mais alto do que as montanhas.

Jeferson Guedes

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Raios em seus olhos

Essa tranqüilidade do tempo em que vivo hoje, me faz querer ouvir qualquer coisa, um gemido, um grito, um latido, um trovão. Seus raios a me perseguir sem mesmo estar chovendo. Superando até a minha vontade de ser eu mesmo. Já não penso em tentar vencer o vento, deixo apenas que entre sem bater na minha janela. Seu cheiro pode ter desaparecido de mim. E a minha marca de nascença também pode ter sumido. As ruas são geladas e frias ao mesmo tempo. E seus raios ainda me perseguem sem ter êxito. Pode até parecer que sigo a esmo. Porque meu mapa foi queimado para aquecer meu coração. Mas mesmo assim o calor não supriu meu coração gelado. E mesmo que não ouça você dizer meu nome por engano. Fico enganado e penso que meu nome não é esse que eu tenho desde que aprendi a falar. O tempo passa. E eu escrevo. Escrevo a esmo, disso eu tenho certeza, ou quase nada. Quase nada ou quase tudo? Queria que tu me desse à certeza. Mais um cigarro eu acendo. Mais fumaça que sobe e some, ela pode ter se transformado em um anjo com assas de fumaça. Ah lembrei daquilo que tinha esquecido e virado mito na minha cabeça, mas não posso ter cometido aquilo na certeza de ter feito, pois estava bêbado, e meus sentidos já não representavam meu corpo. E aquela chuva que me fez ficar doente por tanto tempo, já secou sobre meu ombro pálido. Posso até estar errado de pensar que aquele tempo passou, mas se passou tão rápido, acho que posso viver ele de novo. Quem sabe da vida? Apenas sei que ela gira em torno do universo alimentando mentiras. A primavera pra mim, não vale quase nada. As flores podem até aparecerem, mas elas morrem em qualquer outra estação. Então pra que comemorar? Comemorar dias fartos de nada? Dias que não ficam no lado bom da lembrança. Falo por mim. Posso até falar sobre mim. Mas se tu não entendes, então nunca irá saber o que na verdade sinto. Acho que devo ser uma obra de arte barata, feita por um mendigo, que de tão leiga é, se tornou muito abstrata a quaisquer olhos humanos. E já não temo mais seus raios, que solta pelos olhos, tentando acertar meu peito.
Jeferson Guedes

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Sol poente

Está sendo um tanto quanto erronia ao pensar assim de mim. Sabes que nunca lhe abandonei. Sabes perfeitamente que foi o sol poente que nos afastou... Mas ao se pôr do décimo sol, em seguida, olhe à esquerda, para a última linha do horizonte, e note que vou aparecer dentre as nuvens que não podem chorar. Percebas então, que, nunca lhe abandonei e espero que percebas também, que o lado vazio da sua cama ainda me pertence. Não a culpo por meu vício, nem por ter que respirar e muito menos por nossa ausência. Peço-lhe perdão, se não consegui estar presente, e não pude te fazer sorrir, por culpa desse sol de primavera, que sempre, sente prazer em queimar meus olhos, para que eu não possa te notar ao meu lado. O fato é que nunca lhe abandonei e jamais pensei por um segundo em lhe dizer adeus.
Jeferson Guedes

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Nau perdida

E a fumaça que deixo escapar pelas narinas me faz brotar o sentimento mais ridículo. Outrora já me vi bem... Mas agora... O tempo passa... Tão incerto que nem acredito mais nas horas. Quantos dias se perderam e minha nau ainda vaga sem um rumo definido.
Nesse mar que me afogo...
Afogo minhas recordações da esperança, dos dias que pensei ter tudo nas mãos... E o vácuo do meu pensamento me arrancou sem dar explicação. Quando nós não pensamos mais em nada vale à pena? Vale a pena não pensar em nada? Queria tanto dar um último adeus antes que meu relógio prossiga horas fartas de tanta queixa e solidão...
Sempre chega a hora que não pensamos em nada e agimos por extinto... Extinto natural dos animais irracionais.
Maldito seja o dia que me deixei viver.
E eu sabia que naquele momento estranho... Estaria prestes de deixar meu pranto comandar minha vida.
Minha nau já não mais flutua e sim se afunda nas águas que me afogo com gosto. Meus pulsos e vértebras já não rangem mais...
E a calmaria da água me trouxe a tempestade de volta ao meu mar... Sem mais sol poente. A noite agora se tornou eterna.
Não conheço cemitério sereno, a não ser o caminho esquizofrênico da minha mente atordoada, que é meu cemitério sem cor, sem túmulo, sem lamento.
Trago folhas de papel onde deixarei meu pesar por não agüentar ser tão forte que eu fui todos esses anos. Anos de espinhos sem flor na ponta do caule.
Quão forte pode ser um homem que não se aceita e não aceita o mundo. Pertenço talvez à outra época, porque não acredito nesse tempo e espaço. Todavia que já me fiz rir, mas acho eu, que, não estava me sentindo e aceitava tudo que me colocará contra a parede.
Tuas mãos tão calmas... Calmas, quanto ópio que fumava, aceitavam-me sem me olhar nos olhos.
Quão mais forte eu ficava naquele tempo que passou... Novos dias vieram e me levaram embora a força e a fé que tinha, em confiar no vento que tu sopravas em minha boca, e já não faz tanto tempo que choro sem ter lagrima.
Peço perdão a tudo. Perdão por não me aceitar, por não querer dividir o tempo contigo.
Nobre princesa.
Não se entregues ao dragão! Resista forte! Fracassei em tentar te libertar de sua masmorra.
Agora padeço no mar, por desistência e por covardia. Se tu soprasses o vento que me fazia ter a coragem que precisava nesse momento... Tenha certeza. Iria voltar ao rumo certo e vagar valente pelo mar até encontrar a masmorra, que te aprisiona na minha ilha do esquecimento.
Já morri e eu mesmo, velei meu velório, no espaço perdido do pensamento. Agora é o vácuo que faz os ventos irem para lugar nenhum.
Perdão. Não quero chorar. Não quero que percebas que não tenho mais lagrimas.
Por ti e por mim.


Jeferson Guedes

domingo, 20 de setembro de 2009

Domingo

Mais um domingo que passo... E mais uma frustração que me cravastes nas costelas... Engulo mais fumaça, e já não tento mais recuperar o fôlego. Sem nada para comemorar, sem mais nada para sentir. Estou apenas preso pelo ar. Não tenho vontade de me levantar. Preso a idéias inúteis. Com um coração com farpas e o meu abrigo se torna o relento mais uma vez... Mais uma vez não reajo. E meu orgulho me engole e ainda me arranca os braços. Ódio da vida. Arrependido por ter nascido. Verme que não serve para nada, que não vale uma pedra. Pelo menos isso me serve de inspiração. E esse frio que vem da janela... Não senti minhas pernas ontem, achei que até elas estivessem mortas. E o que faz me confortar é saber apenas que os dias passam... Passam... Até não sei quando... Devo ter vinho. Tu nunca viste minhas marcas, nunca sentiu a dormência de minha pele quando ela se rasga. Nunca me descobriu e não sabe nada sobre mim. Não almejo mais nada. Apenas deixo que o dia passe... Amanhã já é segunda de volta. E isso faz que minhas muralhas se corroam ainda mais. Acho que não conseguirão resistir ao próximo vento. Vista suas vestes, não quero nada de ti. Nem prazer e nem sentimento. Não quero desfrutar de sua carne, quero vinho e mais um cigarro. Mais um domingo que passo... Acabo sempre perdido e triste. E com mais cicatrizes na face. Brasas nos olhos... Olhos tão amargurados... Nem a cegueira me provoca lagrimas... Já desisti de tantos sonhos... Minhas pernas ainda dormem. Não tenho sangue nas veias e nem mais propostas. Escolhas ao acaso. Dias ao acaso. Queria um abraço e não mais marcas.
Jeferson Guedes

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O que escrevo

Não importa a marca, todas elas fazem o mesmo efeito, nem a vida importa, todas elas só existem pelos erros. Apóstolos viciados. Milhares de bilhetes ao bolso, esperando o descaso de minha mão apanhá-los sem querer e lê-los com ódio e arrependimento. Lembranças da mais pura raiva! Nem sei por que tento escrever, apenas escrevo... Mesmo não querendo, coisas que não fazem sentido, fábulas sem moral da história. Queria dar um basta nisso tudo. E rasgar meu livro. Romantismo não vale nada. Se não produzir o efeito que nós queríamos. Odeio ter que abrir os olhos pela manhã, desfrutar de mais um dia tosco e sem sentido algum. Tudo que escrevo soa como uma carta de suicídio, e nunca provoca aquele efeito. E eu já estou naquele mesmo lugar estranho que já conheci de outros outonos, mas com personagens diferentes. Estranho quando a gente é adolescente, tudo é aquilo e pronto, logo quando nós madurecemos mais... Acabamos nos madurecendo tanto que nossa carne fica podre. Quando chegamos ao fundo do poço não temos mais direção. Tudo que escrevo, escrevo por nojo. Coisas que eu não queria ter que sentir, mas sinto, mesmo não querendo nada disso pra mim, e se eu não quero me considero egoísta por não aceitar o fato. Metáfora ridícula. Sem coração e sem jovens se amando.


Jeferson Guedes

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Tanto faz

Suor e lagrimas combinam, lagrimas e sangue também podem combinar, depende da ocasião em que se encontram. E o gosto de sangue na garganta combina com vinho tinto, e se sinto vidro em minhas pálpebras, tanto faz, nem me importo. Não me importo em falar e ouvir e não faço questão nem um pouco de me importar em sorrir ou chorar. Mas fico triste com o teu partir, caro amigo, mas se essa mudança te fará diminuir a angústia, dar-te-ei força! Caminhada longa. Não sei se minhas botas de 7 léguas agüentarão tantos tijolos e pedras forjadas a fogo. Lentes embaçadas. Fazem-me perceber, quão cego eu me fiz. Nossos muros separam nossos currais e sempre queremos ficar próximos, entretanto, não temos o martelo para quebrar o muro. Minha língua dança em sentido anti-horário em sua boca. A fumaça que engulo para substituir o oxigênio que é vital para a vida, e a mancha me faz ter espasmos nos joelhos. Fardo de uma tonelada que carrego por solos áridos, sem feriado e sem salário. E o que me resta é o lado mais frio da cama. Mas não me importo, tanto faz, sempre vai ser tanto faz, bom, tanto faz se vai continuar sendo ou não. Agora quero morrer. Morra mais e viva menos, acredite muita gente já morreu, sem ter um corte no corpo ou uma lápide escrita seu nome. Pessimismo ao extremo, sem rosa com cheiro, e nem mesmo rosa dos ventos. Não me obrigues a voltar ao inferno, nem bom para fixar residência no inferno eu sou. Enquanto isso, eu irei ficar esperando... Sentado no purgatório... Fumando um cigarro e esperando a minha sentença. Meia noite. Meio dia. Meia hora. Tanto faz... Tanto faz... Tanto faz... Tanto faz... Tanto faz...


Jeferson Guedes

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Frustração por tudo

Tanta frustração que chega até ser engraçada... E eu fico no mesmo lugar a semear o câncer no meu corpo. A fumaça que me faz mal, as risadas que dou sem achar graça. Os conselhos que tento passar para o outro, que sei que nenhum deles serve para mim. Nunca soube pra onde correr, mas quis sempre dar o primeiro passo. Mesmo sendo esse único passo o que me leva para a beira das pedras. Manchas e números de telefone que levo em minha pele por não ter caneta para anotar o número. Um caco de vidro que guardo em minhas córneas e não posso me livrar. Um passo errado, mais uma frustração, resultado de outra marca de nascença que de presente minha mãe me deu. Os dedos com unha roída. O gosto dos últimos trocados que gastei para tomar mais uma dose de conhaque num bar imundo. Cotidiano falso. E temos que tentar fingir que somos simpáticos para poder vender mais. O cinzeiro cheio de cherpas de cigarro de filtro vermelho. Falsidades. Autodestruição de uma vida que nós não queremos. Depressão e insônia andam de lado a lado de mãos dadas. E nossa rosa dos ventos com espinhos afiados para machucarmos nossas mãos, sabendo que ela nos indica o caminho errado. Mas cada um tem sua opinião do mundo. Mundo injusto. E pessoas falsas vêem tudo como se fosse verdade. E dão motivos para as pessoas sofrerem. A culpa do mundo é apenas a culpa de pessoas falsas que não fingem ser o que são. Apenas são e não mentem. Porque pra elas o mundo é justo, e por esse motivo não precisam fingir. E aqueles que fingem, fingem porque precisam e nada mais, além disso. Chumbos trocados por disputa de terra, mais uma mãe sem filho. Por apenas um pedaço de chão. Cada pessoa tem seu norte e às vezes o norte é errado. Mas chegamos pelo caminho certo do fim do mundo.


Jeferson Guedes

Viajante

Atravessando tantas paisagens,
Já senti frio,
Já senti fome,
Tantas montanhas e depressões,

Muitas vezes,
Por engano,
Fiz-me sorrir,
Com as miragens.

A margem da estrada,
Só serve para aquele,
Que não sabe para onde está indo.

Procurar novos lugares,
Sentir novos ares.
Podem fazer bem,
Porém as nuvens,
Sempre nos trazem a face,
De quem nos fizeram tão felizes.

Sinto que a saudade me fará
Voltar mais cedo pra casa,
Espero conseguir
Cumprir a minha tarefa.

Não quero bancar nenhum herói.
Quero apenas fazer o bem.
Tanto faz o bem para mim
Ou para outro alguém?
Quero poder viver sem sofrer.
E um dia quem sabe
Com você estarei aqui,
Nesse mesmo lugar.

Faremos tantas coisas juntos,
Sorriremos ao azul do céu
E ao despencar das nuvens.
Espinhos se alegram
Com o meu regresso,

Vou encarar tudo com coragem.
O que poderá atrapalhar a minha passagem?
Não pare para escrever.
Vamos continuar a viagem...


Jeferson Guedes

Tormenta

Tantas verdades que eu guardo em meu peito rasgado, e meus cigarros conversam comigo, sinto culpa por ter que queimá-los. Gritos das nuvens que gostam de profanar meu sono, quando estou sonhando com o seu abraço e um maço de cigarros no bolso esquerdo. Certas coisas combinam tanto que até parecem que foram feitas uma para a outra. Último cigarro e último gole de vinho da noite. E meu peito continua rasgado. Favo do seu doce mel que guardo ainda em meus lábios que já se tornaram avermelhados, e cinzas que também guardo um pouco abaixo da língua. Certa canção que tentei decorar cortando meus pulsos. Sozinho e acabado, sem vinho... E sem cigarro. Conselhos e promessas escondidos pela poeira do mar. Tapas nas costas de quem eu mais odeio. Sorrindo e me dizendo que o mundo é assim mesmo... E nunca irá mudar para algo melhor. Hoje à tarde olhei para o céu e vi tantas nuvens raivosas. Negras e com seus relâmpagos expostos para o rosto das pessoas. Mas me cobri de inspiração olhando a luz amarela do poste... Já era tarde, mas não parecia... O tempo passou tão latente sobre mim... E já era tarde que não consegui perceber... Não quero fugir e não quero que pense que sou um covarde por não ter coragem de enfrentar a tempestade, que virá e será tão inevitável aos nossos olhos que também se tornaram cobertos de tanta raiva. E só estão esperando cair à tempestade em nossos inimigos. Se sua vida correr perigo, lutarei forte, mesmo sem olhos e sem escudo! E se o perigo persistir vou te esconder em minhas asas, e tentarei te deixar em um lugar seguro, para que você não veja essas chamas que correm pela montanha... Queimando as árvores, pobres árvores... Não podem nem gritar. Nem a minha morte pagaria a perda da sua alegria. Sempre esperarei o seu sorriso, para que eu possa prosseguir e te deixar em seu leito tranqüilo. Sonhando com dias melhores... Acredite... Dias melhores existem, e suas nuvens que te enchem de alegria, voltarão a sorrir e despejarão sorrisos de esperanças reais sobre uma forma de chuva amena e fina, sem mais angústia...


(Jeferson Guedes)