quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Primeira estrela

és a primeira estrela
que brilha
que o meu céu
tão escuro
não pode apagar
nem que seja dia
sempre brilha
teu sorriso
trouxe algo a mais
no meu turvo céu
que dos dias
que eu tive
fizeram-se em cores
cinzas
agora
já não é cinza
meu céu
agora
tem cores
que o teu sorriso
me trouxe
como estrela
que jamais se
apaga
que pra sempre
brilha


Jeferson Guedes

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Me diz

Então me diz,
Que o instante
Não ficará morto,
Ao olhar pra trás...
E ver que já eu estou longe.
Então me diz,
Que não deixará
O sereno da noite
Escurecer o meu rosto.
E mesmo que eu esteja longe...
Ainda estará comigo.
Sabes,
Que eu não tenho rumo.
E não sei ler os mapas,
Nem mesmo a bússola.
Nem norte,
Nem sul,
Nem leste,
Nem oeste.
Apenas,
Eu me guio
Através dos teus passos.
Então me diz,
Que não estará perdida
Ao chegarmos à encruzilhada.
Aí então,
Dê-me a sua mão...
E eu poderei caminhar
Ao teu lado...
Com os olhos fechados.



Jeferson Guedes

domingo, 24 de outubro de 2010

Dentro da mágoa

Dentro da mágoa
Eu me esqueço
Quando em quando
Cai outra lágrima
Ainda as tenho
Elas nunca acabam
O final da tarde
Sempre chega
E me deixa
Outra vez sozinho
Não tão sozinho
Eu me tenho
Sozinho
Bem como viver
Na imensidão
Do rubro céu
Que só traz escombro
Choro
Como se fosse
Garoa
Meu céu
É aquilo que tenho
Nuvens carregadas
Nunca faltam
E já não é mais garoa
É tempestade
Que só se faz
Nos meus olhos
O que eu tenho
É apenas a minha mágoa
E eu só me tenho dentro dela
E de ninguém mais



Jeferson Guedes

Dente de leão




Dente de leão,
Que o assopro desfaz.
Se não fosse
Qualquer vento...
Ele viveria em paz.

Triste saber...
Que toda vida voa,
E é difícil entender,
Que nascemos,
De certa forma
Pra um dia voar.

O tempo nos desprende.
Nem que seja,
Com qualquer sopro,
Com qualquer brisa,
Com qualquer vento.

Hei de um dia,
Estar livre pelo ar.
Minhas memórias ficarão
A vontade do vento
Ou do quão forte
Irá ser o assopro.

Hei de um dia,
Como o dente de leão,
Vou poder voar.


Jeferson Guedes

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mundo imperfeito

Mundo imperfeito.
Sofrer pra não morrer.
Todos seguem do mesmo jeito...
Mas não fazem por querer.

Me diz qual:
- Grito que não se ouve?
- A ferida que não se sangra?
- A vida que não se morre?
- Qual delas que não se sofre?

Bem sei apenas,
De tudo o que é:
Errado.
Tudo o que é torto.

E choro,
Por saber...
E choro,
Por Ágape
Nunca ter passado
Nem perto de mim.

E me consolo.
Com o abraço
Da parede.



Jeferson Guedes

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Aos sonhos

Aos sonhos perdidos
Que nem os sonhei
Nem adormeci
Meus lados errados
Todos errados
Já estou abrigado
E ainda me sinto
No relento
Desse vento
Que não me deixa nada
Só tira
Cada vez mais
Sinto
Que ainda não tenho meu rumo
Que ainda estou perdido
Dentro dos pensamentos
Dois lados errados
Que carrego
Sem mesmo querer tê-los
Sem nunca ter pedido
Muito menos desejado
Traço uma reta torta
Que não me leva ao lugar
Onde o vento não passa
Meus pensamentos somem com ele
Eu fico refletindo
Com a minha solidão
E não era isso
Que eu tanto queria
Mas quase me obrigo
A eu ser sozinho
É o outro lado da moeda
Que tem o mesmo rosto
Eu reflito
Com essa parte que me falta
Mas não sinto falta
Nem da aurora
Nem da outrora
Nem de tudo que desperdicei
Por puro orgulho
Por pura raiva
A raiva materializada
Que eu tenho do mundo
Ou não do mundo
A raiva que eu tenho
Da minha vida
Aos sonhos
Que não sonhei
Aos sonhos
Que eu nunca vou ter



Jeferson Guedes

sábado, 9 de outubro de 2010

Entre mim

Entre mim
Há sempre
Outra vida,
Que a deixo
Passar
Despercebida.
A deixo
Seguir
Mais um caminho,
Que o orvalho
Não me acorda.
A ferida
Que traz sonolência,
E não me deixa dormir.
Tantas vezes tentei,
Ou pensei,
Em ser mais forte.
Mas há sempre
O fim donde queremos
Chegar um dia.
Um passo,
Outro passo.
A cada ida
Mais longe fica.
Outra vez eu fico velho,
Sem mesmo perceber.
Entre mim há sempre!
E nenhuma certeza
Fica.



Jeferson Guedes

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dentro do sonho, fora do tempo

Talvez,
Seja tarde.
O tempo
Não se renova.
Nunca volta atrás...
Acho que
Desse tempo
Eu nunca fui dono.
E os passos
Não podem
Voltar.
Eu queria poder
Me esquecer.
Dentro
Dos meus sonhos.
Bem sei que,
Você estará lá...
E o tempo
Jamais,
Você de mim
Conseguirá
Afastar.



Jeferson Guedes

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

É outro verso, talvez meu inverso ou inverno

É outro verso
Apenas o inverno
Ou o inverso
Do que seria
Perfeito
Mais outro verso
O inverso do inverno
Que é o verão

É outro verso
É a terra firme
Que se desprende da água
Um versinho
Pra olhar as ondas
E sentir a maresia

É outro verso
A chuva forte do verão
É outro inverso
Do inverno
Que já passou
Que só trouxe
Talvez alegria
E o tremor
Do terremoto

É outro verso
Daquele
Que tanto sofre
Por sofrer
É o meu inverso
Da alegria
Que o inverno
Se esqueceu
De trazer

É outro verso
Talvez não só
Talvez sejam versos
Da minha vida
Da minha alegria
Do inverso
Do meu verão
Que foi o meu inverno
Que já passou



Jeferson Guedes

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vagueio e repito

Entregaste-me,
a outros mundos.
Sem vê-la,
que sigo tanto.
Por meu amor
aos imundos.
Iludido,
tanto vagueio,
Contando meus sorrisos.

Amargura,
velha companheira.
Acompanhe-me
a outra dose.
Não me deixes
tomar toda a garrafa.
Sabes que desconheço
meu caminho.

Sem me amargurar,
meu peito flagela.
Ele não suporta
O peso da alegria.
Outra noite,
Que tu foste tão rápida.
Passa mais apressada...
Mas não sei.
Que pressa tem?

Logo,
já é tão claro.
Logo,
arde-me os olhos.
Em outra manhã suave,
Desperto-me,
antes do relógio.
Que mais tosse tenho!
Que mais tenho certeza,
do que seria,
essa eternidade.
Mas é outro café apenas.
É outro sorriso.
Nada além disso.


Sem tê-la junto, comigo.
Triste, amargurada,
ferida que deixo abrir.
Que já tão farto,
de quase tudo.
Mesmo assim,
não a deixo fugir.

E posso até vaguear
por outros mundos.
Mas,
é só o teu nome
que repito.
E é só nos teus olhos
que me perco.
E teu rosto
torna-se o norte,
que da minha bússola
tanto
falta...


Jeferson Guedes

sábado, 2 de outubro de 2010

Nos beirais

A minha antiga mágoa,
Ressentida.
Que não me deixa,
Tão sozinho.

Ainda assim,
Não esqueço:
“O que seria a solidão?”
Outra duvida apenas.
Talvez alguma divida.
Entre outro
Amigo que se vai.

Outra coisa que se perde.
Na nossa antiga caminhada,
Que hoje se faz sozinho.
Tanto pra mim, quanto pra ti,
Meu velho amigo que se vai.

Deixaste-me a dúvida.
Do que seria a “solidão”,
Mas não me deste perdão.
Eu muito menos...

A minha antiga mágoa,
Que não sei
Esquecê-la jamais.

E fico tão mudo
Perante o mundo.
E me deixo sozinho
Nos beirais.



Jeferson Guedes