segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Saudade




Às vezes me perco
em desencontro.
Me encontro
Somente quando

te reencontro.
A saudade às vezes
sabe ser cruel.
Mas se sinto saudade,
foi porque houve o momento
e não só o instante.
Reconheço o toque,
o cheiro, a respiração.
Em meio dos sonhos,
sinto o teu abraço,
me cobrindo do frio da noite.
Criando outro momento,
que eu sei,

vou sentir saudade.
Outra vez...
É de momentos

que se faz a saudade.
É de coisas simples

que se faz amizade,
amor e recordação.
Sinto ter encontrado,
pois te guardo no coração,
no pensamento
e na saudade.
São as coisas da vida,
construímos momentos,
e disso se faz a saudade,
pelo menos por hora...
E não pelo instante.
E nunca vai ser tarde,
para sermos
novamente



uma só pessoa.









Jeferson Guedes

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Idolatrado

E mesmo reagindo

Eu estou tão fraco

Perco-me

Sem ter mais palavras

Mais nada

Que eu possa repetir

Julgando o meu pior rosto

Trocando os olhos

Pelas setas do mundo

Esperando o açoite das palavras

Que chega sempre mais perto

Na mesma direção

Arrancando o meu sangue

Como se fosse

Tirado ao meu gosto

Sorriso feito de farpas

Escondo-me no lilás do céu

É de penumbra

Que se formam os olhos

E já não enxergo mais

Não reconheço

Qualquer face

Idolatrado seja ele

Continuo seguindo as pegadas

Que evaporam

Feito água no deserto

Não sei o que te faz

Sentir mais vivo

Ou completo

As coisas que temos

Não nos idolatram

Não nos une

E a dor do chicote nas costelas

É o meu riso

Danço ao compasso do movimento das estrelas

Pra tentar achar o fim

Do destino

Que jamais fora escrito

E ainda nem inventado



Jeferson Guedes

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quando em quando

Quando em quando

Não sei o que eu faço

De todo esse tempo

Ocioso,

De toda essa saudade...

De todo o sol que bate na janela


Chegaste até mim

Em puro riso

Quando em quando

Recordo...

Da noite na rodoviária

Eu estava embarcado

No meu próprio destino


Viajei até você

Recebeste-me com sorriso

Naquele momento,

Não tinha flores

Dei-lhe então

Tudo o que eu tinha

De minha alegria...

Desde então

Eu recebi de ti

Cada vez mais


Quando em quando...

Queria estar contigo

Todo o tempo do mundo...

Jogar em qualquer canto

Qualquer incerteza,

Que por hora,

Ainda permanece...


Cada vez mais...

Um beijo,

Quero te dar

Como aquele

Da primeira vez...

E que dure sempre...

Qualquer tempo

Que venha pra ficar...


Jamais quero

Que se gaste

E que o tempo se acabe

Sem eu estar contigo

Pra ver toda essa chuva

Todo esse ensolarado

Do céu


Quero sempre

Que nós possamos

Achar a saída

Que faça anular

Todo esse nada,

Todos esses dias

Que terminam sem encanto


Quando em quando

Quero voltar

Todos os dias

Ao dia da rodoviária


Jeferson Guedes

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A flor e a rua

As ruas lustradas

Em profundo silêncio

A flor que cresce

Desfigura a imagem

Se torna viva

E não adoece do frio

Risonho lustre armado

Me degola

Me ama

E chora

A flor apenas cresce

E mesmo assim

Desfigura a rua

Tão morta

Em silêncio

Que é profanado

Por uma simples flor

Roxa, azul, vermelha

Tanto faz

A cor

O que importa

Que ela não está calada

E maltrata

A paisagem

De poeira

Sem som

Sem nada

Silêncio, sem vida

E sem cor

É de poeira que move

A rua

E mesmo assim

A flor cresce

Diante da poeira

Quebra o silêncio

E causa a vida


Jeferson Guedes

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sobre verdade e sentir

De que verdade

Que me escondo

Tentando achar o fim

De qualquer poço

Que eu possa caber

Não espero

E sempre chego atrasado

Sei que tudo se acaba

Por estas ruas suspensas

Em mentiras

Das respostas que eu nunca quis ter

Se eu me deixo

Se eu deixo passar

A fuga dos dias

Da neblina

De mais cinzas

Ora

Verdadeiro

Eu não sou

Tu és?

Não és não

Não no meu julgamento

Sem fundamento

Sem resposta

Vago tão ileso

Durante esse espaço de tempo

Onde pode até caber vida

Pode até ter um lado para a alegria

Não sei o que quis dizer com isso

Mas quem consegue dizer o que eu sinto?

Ou até mesmo... O que ele mesmo sente?

O sentido das coisas

Acho que eu não vou conseguir encontrar

Por hora acho que não

Se pelo menos eu vivesse um sentido

Ou sentisse

Sei que sinto o que os outros não sentem

Faço-me feliz sobre o que outros não sentem

E sofro por aquilo

Que ninguém mais sente


Jeferson Guedes

sábado, 18 de junho de 2011

Eu vi a mim mesmo

Eu cá pensando...

Eu em meu exilio

Mais profundo de querer

Tentar transparecer o que eu nunca fui

O que eu não sou

De minha sede

De querer ser aceito

Por pelo menos um alguém

Soluço meu pranto quieto

Eu sem mesmo querer

Me escondo

De tudo

Que possa me parecer

Cruel, fútil e duvidoso

Não sei o que eu poderia dizer

Quando seus lábios não sabiam

O que também iam me dizer

Não sabia se eu te abraçava

Ou apenas concordava

Com as lágrimas

Que eu as via cair

E mesmo assim

Não conseguia acreditar

Não sabia perdoar

A minha vida

Se foi praticamente

E nem sabia

Se eu vivia de verdade

Tentar acreditar em ti

Em meus irmãos

Que desconheço

Não me faço de vitima

Só fui um erro do acaso

Procurar aceitação

Em vão de ser mais

Pra mim mesmo

E não pros outros

Me fiz sozinho

Eu mesmo não querendo

Corri

Viajei

E consegui

Por hora

Me encontrar

Me reencontrar

Não achei o vazio

Achei a mim mesmo

Eu vi a mim mesmo

Atrás do seu olhar



Jeferson Guedes

terça-feira, 14 de junho de 2011

Se eu tenho teu sorriso

Deslizo

Sinto-me

Tão vivo

Vontade que tenho

De voar

De morar em outro lugar

O seguir

De qualquer estrelar

Que brilha mais alto

Até atingir

Um ponto

Qualquer

E descongelar

Meus dedos

E eu possa

Estalar

Uma melodia

Escorregadia

De ser e pensar

Em não ser

Será?

Vivo,

Resisto

O destino

Vais me esperar?

Vais me acudir?

E se eu cair num mar de cinzas?

Não,

São sós cinzas do meu cinzeiro

Que me cobrem

E eu não sinto tanto frio

Não sei do será

E muito menos

Do talvez

Meu achismo

Meu destino

Meu quase niilismo

Da minha crença

De crer em quase nada

E eu só acredito

No teu sorriso

E ainda resta

O meu sonhar

E o meu seguir

Até onde não sei chegar

Sorriso

De pranto

Que esclarece

O estrelar

De tão longe

Quão meus olhos

Podem chegar?

Até o infinito

Se eu tenho

Teu sorriso



Jeferson Guedes