quinta-feira, 17 de março de 2011

Rascunho

Das vezes que corri e só olhei para o nada, dei meu corpo aos restos imundos das cidades empoeiradas, perdidas e vazias. Fugi tão incerto, em meu bolso só tinha dois cigarros e a incerteza, não sei como deixei de ser aquilo, que tanto sonhei, que tanto quis pra minha vida, pouco tempo atrás, eu achava que a vida só servia pra quem morria, pra quem deixava de ser. Ser aquilo que todos quiseram e todos eles sorriram e choraram tantas vezes, tanto sentido, tanto sem sentido, do que a minha compreensão pelas coisas que respiram e outras não, às vezes eu me esqueço de respirar, outras vezes eu não sei quem sou mais... Eu me pergunto: “ quem será que eu sou? Quem eu me tornei? Fui feito pra ser isso? Isso ou aquilo? Será que sou o que quis?” Acho que fui moldado sem ao menos perceber. Corri tanto. Mas não consegui me esconder.

E agora me vejo em outro sentido, é o sentido! É outra formação, e mesmo que eu me ache sem placas, sem direção, mas com sentido, agora eu vejo o que é ousar, o que é aquele sentido, que tanto busquei, sem saber ler nem escrever, apenas o senti, sabendo que era o correto, que era o certo... Ainda não sei o que sobrou, mas sei que restou, sei que é parte, sei que vai me completar, esse mesmo sentido das coisas que respiram ou não. É isso que é a parte. Revi meus conceitos, e achei os mapas! Oh! Eu os achei! Finalmente... Posso seguir viagem, posso sumir daqui! E também o momento que o eu falho, sempre em reclamar, jamais fora concreto, nunca foi um instante de vida! Vida! É a palavra que os que não respiram não compreendem, mesmo eles que não pulsam, tem vida... Tudo tem vida, o mundo é vida! O fluxo natural das coisas, tudo tem um coração, tudo pulsa, mesmo não querendo, mesmo não sentindo... Não vai ser outra fuga, agora as estradas não tem mais escombros, nada me impede, só o meu esforço que vai seguir comigo, não importa, se vai ser de carona ou até mesmo voando, mas não vai ter mais pranto, isso eu garanto, eles não vivem, mas existem! Por isso vivem! Vivem! Tudo tem um coração, mesmo não querendo, e a estrada não é mais lamento, despedidas sempre acontecem, nunca anulam a dor, é a viagem que eu me dou. É a despedida que ficou no canto do muro de algum lugar. Mas não sangra, se chora, e não sangra. Tudo tem vida, tudo tem um coração, tudo tem uma partida, e isso nunca acaba, se é pra pararmos em algum lugar, beberemos água, e logo depois, seguiremos, pra outra aventura, outros acasos. Outra jornada, mas essa não se torna fugida, se torna com planos, com mapas e coragem. Pois em mim, sinto que pulsa, e tudo pulsa! Nada passa despercebido, eu sinto que tudo vive, e eu tenho que partir. Tenho que sentir outras coisas que pulsam, não só aqui, em todos os lugares que minhas pernas podem chegar! E se tudo pulsa, tudo se sente, tudo é o mais puro sentimento, o mundo é sentimento. Viver é o sentimento. Viver é a partida.



Jeferson Guedes

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