
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Dói-me a vida, em silêncio
Eu sou ninguém
Vim dar-te alguma coisa
Que ainda não sei
Sei de tão pouco
Não sei por onde começar
Não tenho nome
Nem mesmo classe
Sou ninguém
E dói-me saber
Que dói a vida
Em silêncio
Eu não posso te ouvir
Por isso
Não diga
Tente ouvir
Sei que são palavras
Que se confundem
Com tal vazio
Não sou ninguém
Sou vazio
Tenho voz
Que quase sempre
Cala
E dói-me
O silêncio
Nenhum trovão
Escuta
Nem chuva
Nem vento
Sou ninguém
E até aqui
Cheguei
Não por gosto
Voltei, talvez
Ao ponto de início
E lhe entregarei
Este presente
Vou dar-te o barulho
Do trovão
Que se estremeça
E ouça
Vou ser trovão
Chuva e vento
Não tenho nome
E dói-me a vida
Em silêncio
Jeferson Guedes
sábado, 23 de abril de 2011
Seguir
E eu só acredito nas coisas
Que o meu coração
Consegue enxergar
Não faço de fugas
Um refúgio
Nem mesmo de mim mesmo
Consigo me esconder
Se as coisas que sempre foram claras
Por hora ficaram escuras
E eu já não posso ver
Com esses olhos
Que faz tanto que ficaram cegos
Meu coração diz-me por mim
Se eu posso continuar adiante
E não parar de seguir
Jeferson Guedes
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Passaste
Passaste
Talvez não me viste
Passaste
Jamais me vigiara
Passaste
Não me salvaste
Como se eu fosse
Apenas outro
Passaste
E não me olhaste
Como se nunca tivesse tido
A tua sombra
Passaste
Não me tocaste
Não ficaste comovido
Não disse bom dia
Apenas passaste
Como se em mim
Nunca ficaste
Com uma parte da sua vida
Passaste
(Ao meu pai)
Jeferson Guedes
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Borboleta
Agora eu posso voar
Sobre a luz
Que me reacendo
Ao teu desejo
Quando te revejo
Você me presenteia
Com a folha e fruto
Eis então
Que abro os olhos
E me sinto vivo
Renascido
Com outra alma
Mais pura
Quanta primavera
Logo
Meu casulo
Será a casca velha
Dessa vida
Que reflora
Muito mais bela
Agora
De asas abertas
Vou voar
Jeferson Guedes
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Pelo tempo que se esfria
O tempo se faz frio
E mesmo assim aquecido
Aqui nesse lugar
Tão esquecido
Que faz florar e gelar
A flor que se esconde
Que tem tanto a chorar
E mesmo assim a sorrir
Coisas e mais coisas
Bebidas que aquecem
O gélido das feridas
Do frio que aquece
E adormece
A sorrir até chorar
São apenas lágrimas de alegria
Pelo tempo
Que se esfria
Jeferson Guedes