quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A flor e a rua

As ruas lustradas

Em profundo silêncio

A flor que cresce

Desfigura a imagem

Se torna viva

E não adoece do frio

Risonho lustre armado

Me degola

Me ama

E chora

A flor apenas cresce

E mesmo assim

Desfigura a rua

Tão morta

Em silêncio

Que é profanado

Por uma simples flor

Roxa, azul, vermelha

Tanto faz

A cor

O que importa

Que ela não está calada

E maltrata

A paisagem

De poeira

Sem som

Sem nada

Silêncio, sem vida

E sem cor

É de poeira que move

A rua

E mesmo assim

A flor cresce

Diante da poeira

Quebra o silêncio

E causa a vida


Jeferson Guedes

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