domingo, 20 de setembro de 2009

Domingo

Mais um domingo que passo... E mais uma frustração que me cravastes nas costelas... Engulo mais fumaça, e já não tento mais recuperar o fôlego. Sem nada para comemorar, sem mais nada para sentir. Estou apenas preso pelo ar. Não tenho vontade de me levantar. Preso a idéias inúteis. Com um coração com farpas e o meu abrigo se torna o relento mais uma vez... Mais uma vez não reajo. E meu orgulho me engole e ainda me arranca os braços. Ódio da vida. Arrependido por ter nascido. Verme que não serve para nada, que não vale uma pedra. Pelo menos isso me serve de inspiração. E esse frio que vem da janela... Não senti minhas pernas ontem, achei que até elas estivessem mortas. E o que faz me confortar é saber apenas que os dias passam... Passam... Até não sei quando... Devo ter vinho. Tu nunca viste minhas marcas, nunca sentiu a dormência de minha pele quando ela se rasga. Nunca me descobriu e não sabe nada sobre mim. Não almejo mais nada. Apenas deixo que o dia passe... Amanhã já é segunda de volta. E isso faz que minhas muralhas se corroam ainda mais. Acho que não conseguirão resistir ao próximo vento. Vista suas vestes, não quero nada de ti. Nem prazer e nem sentimento. Não quero desfrutar de sua carne, quero vinho e mais um cigarro. Mais um domingo que passo... Acabo sempre perdido e triste. E com mais cicatrizes na face. Brasas nos olhos... Olhos tão amargurados... Nem a cegueira me provoca lagrimas... Já desisti de tantos sonhos... Minhas pernas ainda dormem. Não tenho sangue nas veias e nem mais propostas. Escolhas ao acaso. Dias ao acaso. Queria um abraço e não mais marcas.
Jeferson Guedes

Um comentário:

  1. ''Não senti minhas pernas ontem, achei que até elas estivessem mortas. E o que faz me confortar é saber apenas que os dias passam... Passam... Até não sei quando...''
    Sem palavras... Sem adjetivos... Sem pensamentos. Apenas posso falar que você tem algo que mais ninguém tem. ♥

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