segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vício dos dias

O que seria dos perdidos
Sem o vicio?
Eles não têm mais nada...
Pra perder.
Os outros têm muita coisa.
Mas as coisas que possuem...
Um dia acaba os possuindo.
Se minha vida é torta.
Não quero uma linha reta.
Quero rabiscos na folha.
Em vez de um beijo.
Prefiro uma bebida.
Com o copo sempre meio vazio...
Mesmo que esteja transbordando.
Está sempre meio vazio.
Assim que eu enxergo as coisas.
Assim que eu sinto as coisas.
Tão frias e geladas...
Mesmo nas noites mais quentes.
Noites quentes...
Faz tempo que não tenho.
Em vez disso...
Tenho noites de mais insônia.
E no chão, vidros quebrados.
Orgulho em lascas.
Saúde em fiapos.
Mas eu não me importo.
Não me importo
Com os vidros quebrados.
E nem com noites de sono perdidas.
E se minha saúde está morrendo.
Bebo mais uma dose...
E fico olhando pro teto do meu quarto.
Pessoas...
Já me enjôo de praticamente
Todos os rostos.
Todas as vidas...
Tudo incerto...
Poesia mal escrita.
Amor autodestrutivo.
Tão autodestrutivo...
Quão a minha vida.
Não sei se tenho direito
De chamar isso de vida...
Esses dias ficaram pensando...
Minha cabeça já nem pensa.
Mas sim os dias...
Eles pensaram tão alto...
Pude escutar...
E eles diziam:
- Pra ti distância e tempo não existem.
- Ou é porque você não sente falta de ninguém.
- E nem sabe por que ainda respira.
Acho que os dias estão certos quanto a isso...
Pros demais pensamentos...
Tapei os ouvidos.
Depois disso...
Tomei outro gole amargo.
Mandei ao inferno outro rosto.
E acendi outro cigarro.


Jeferson Guedes

Um comentário:

  1. Jeff os vícios preenche os nossos vazios sentimentais e existênciais ^^ meu Deus ! o vício de amar o que não nos ama é o mais perigoso deles

    lindo poema

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