quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ferida amarga

A minha mãe assoprava meus machucados.
Ela dizia que ia parar a dor.
E mesmo latejando...
A dor eu já não sentia tanto.
Saudades daqueles tempos...
Tempos de criança boba, inocente.
Que a minha mãe me trazia doces,
Pra minha boca não se tornar amarga.
Mas agora...
Tão adulto e triste eu sou.
E minhas feridas...
Crescem mais todo dia...
A minha mãe já não as assopra.
E nem quero que a dor passe.
A dor que nunca passa.
E a minha boca se torna amarga,
Por causa da bebida e do cigarro.
Nem doce.
Nem assopro.
Eu me tornei uma ferida amarga.
Que por mais que os dias passem...
Essa ferida do que eu sou hoje...
Com o passar do tempo...
Só mais cresce.


Jeferson Guedes

Nenhum comentário:

Postar um comentário