segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Quem me dera ser poeta

Fica bem...
Ela sempre diz isso.
Ela sabe que eu não sei o que é ficar bem.
Eu gosto tanto de passar os dedos no cabelo dela.
Ela também gosta, eu sinto.
Depois que ela se vai...
O céu pra mim, já não tem o mesmo brilho.
Eu olho pra cima.
Vejo somente o céu.
Sem nenhum doce, sem nenhum sorriso.
Ontem eu cheguei em casa lá por meia-noite.
Sentei lá fora, no escuro do meu céu.
Acendi um cigarro.
Pensei: “nunca mais vou fumar de volta”.
Menti outra vez,
Pra mim mesmo.
Eu sempre penso tanto, antes de agir.
Mas nunca penso tanto, quando acendo outro cigarro.
Tantas reflexões sobre o céu.
E eu nunca vi Andrômeda.
O meu anjo da guarda caiu das nuvens, já sem vida.
Eu fiquei de preto,
Não por luto pelo meu anjo morto,
É que eu sempre uso preto.




Como disse Pessoa (meu poeta preferido):

“O mistério das alturas
Desfaz-se em ritmos sem forma
Nas desregradas negruras
Com que o ar se treva torna.”

O meu ar sempre se treva torna.
Talvez por eu não me atrever tanto.
E deixar que a minha vida se torne pranto.






Quem me dera ser poeta

Oh, quem me dera ser poeta!
Pra dizer tudo o que penso,
Que nem eu mesmo entendendo.
Faça
Aparecer do fundo do meu lamento,
Tudo o que eu sinto.
E o que penso.

Acho que das palavras,
Não sou tão bom assim...
E eu só espero
Que saibas,
Que no extremo do meu peito,
Bate um coração
Com tanto desespero
E ele bate
Apenas por ti.





Jeferson Guedes

Um comentário: