terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma lembrança dos peixes

Minha mãe se preocupava comigo. Ela dizia que eu tinha que ir atrás de tratamento psicológico. Eu dizia que não precisava disso, apenas queria mudar ao meu modo, seguir o meu próprio vento, ver as coisas do jeito que são com meus próprios olhos. Ela não entendia muito bem... Ela me achava infeliz ou ainda acha. Mas acho que não sou infeliz. Apenas sinto o meu próprio vento. Eu sigo os meus próprios desejos. Uma vez quando era criança ela me levou pra olhar uns peixes alaranjados no Passeio Público de Curitiba, há uns dois anos atrás eu voltei lá... Eu sempre ia lá... Mas daquela vez eu lembrei da minha mãe atirando pipoca aos peixes alaranjados. E aquele dia... Eu os procurei... Eles não estavam mais lá... Eu pensei, devem estar mortos... Afinal de contas... Eram peixes e só comiam pipocas que as pessoas jogavam. Será que as pessoas pararam de jogar pipoca e eles morreram de fome? Eu não sei... Sei que eles não habitam mais aquele lugar. Eu acho que é as outras pessoas que precisam de tratamento e não eu. Porque eu nunca joguei pipoca e nem nada pros peixes. Mas mesmo assim... Eles não estão mais naquelas águas daquele parque. Ou talvez pela forma de eu enxergar as coisas... Não consegui mais ver os peixes.



Jeferson Guedes

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